4 de novembro de 2010

Tóxico


Especula-se muito sobre relacionamentos que seriam à nós tóxicos. E o poder que possuem de nos deixar mal, com baixa auto - estima, viciados e aterrorizados, alternando uma alegria extrema, com tristezas também intensas. Uma relação para mim, começa a se tornar danosa quando há algum conflito que deveria ser resolvido e não foi.
Caridosos, aceitamos sempre os erros cometidos e  até mesmo passamos a mão na cabeça, tentando se conformar inteiramente com aquilo que sabemos que não mudará. E é aí que o perigo começa. Você se apega ainda mais à tal personalidade errônea e o indivíduo apenas se acostumou, ligou o piloto automático: ele já sabe como fazer com que você ceda. E então, mesmo que briguem e peçam um tempo, você sabe que terá volta, pois esse vai e volta passa a ser o vício de vocês dois. O perigo só é visto de perto quando, choramos mais do que o usual e uma hora a dor não passa. A porteirinha do cãozinho continua aberta, e ele até mesmo sabe o caminho, mas surpresa: não retorna.
Algumas pistas do que a meu ver, é o que vai intoxicando uma ligação:

- Sinal de individualismo sendo colocado no lugar da cumplicidade ou companheirismo (primordiais a qualquer relação).
- Vocês brigam. E voltam a fazer as pazes como se nada tivesse acontecido. Passar por cima do erro não é cicatrizá-lo, tampouco curá-lo. Falta diálogo, e assim como as brigas são fortes (e freqüentes) as reviravoltas são também intensas e transitórias.

- Não há reciprocidade de sentimentos. Ou até pode haver, mas o que falta então, é demonstração de afeto. E um dos lados, o apaixonado, pena atrás daquele que se torna cada vez mais esquivo, frio e distante. É uma eterna brincadeira de gato e rato.
- A tão falada solidão à dois: uma distância que se firmar mesmo estando vocês lado a lado, ou mesmo, se tornar uma separação física. Tanto você, quanto a outra parte não sentem mais aquela centelha inicial, e vão se afastando aos poucos (sem nada fazer para impedir ou reacender a chama tão necessária).

- Submissão ou autoridade em demasia. Um quer mandar demais, enquanto o outro obedece de cabeça baixa. E com o tempo, a atitude opressor/repressor apenas se repetindo, vem o cansaço de algum dos lados. É inevitável.


- Perguntas em demasia, ciúmes excessivos, possessividade. Alguém que controla demais, e que assim, acaba tornando o que deveria ser saboroso e doce, num cárcere privado. Quando a pessoa que está sendo controlada acredita que tal atitude é "uma prova de amor", aí sim é que tudo vai mesmo por água à baixo: afinal, quem ama, dá liberdade. Seja isso ruim, ou bom. E se a outra parte também sentir amor, a volta é por livre arbítrio, por vontade própria (e não por indução). Saber dizer não é o primeiro passo para reverter o quadro.

- Traição. Quando alguém vai entender que é traído, e ainda assim, está se relacionando? Fica difícil crer em algo que conosco é perfeito, e quando ausente, se torna promíscuo. Muitas pessoas fingem não notar o adultério, para quem sabe evitar a dor, e o sentimento de rejeição - porém, esquecem que, isso apenas prolonga a dor, futuramente. Abrir os olhos não é controlar, é apenas inevitável.

- Quando o amor próprio não é suficiente. Quando viver com o outro se torna uma NECESSIDADE, e que nem sempre, pode ser suprida. Chega a se tornar patológico o sentimento do outro, como tóxicomano mesmo. E pensa-se em tirar a própria vida, em fugir para longe, ou mentir e distorcer fatos, para não "perder" o outro. É doentio, inseguro e imaturo e gera apenas pena, quando deveria ser também amor.

- Idealização em demasia. Ele pode ser perfeito, até o presente momento, mas tem que haver lucidez para saber que, hora ou outra, os defeitos serão visíveis, e virão à tona. E daí não adianta despentear e querer que tudo volte a ser como era. Aquilo que existia no começo, pode muito bem ser coisa que a sua mente arquitetou, e não algo que era real. É muito mais fácil que a realidade tenha vindo à tona agora, do que a pessoa tenha se tornado má ou incompatível de repente.

Camila Paier com varias alterações ;*

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