29 de março de 2013

Chá de palavras



As vezes, quando o tempo me permite, paro pra pensar em tudo o que me tornei, no 'mundo' em qual hoje vivo. Nunca imaginei que chegaria até aqui com os objetivos e sonhos que hoje tenho, deixando de lado os planos heroicos de quando criança. Nunca me imaginei vivendo sem "tanta gente", algumas das quais hoje, talvez nem lembrem meu nome. Já tive que deixar tantas pessoas pra trás, tantas partirem, algumas com o livre arbítrio de ir e vir, o qual pouco durava e muito machucava, tudo em prol do tal conhecimento, da tal evolução. Algumas perdas foram em si, muito dolorosas, outras acaso do destino, do tempo, da distância ou como preferir. 
Mas uma coisa é certa, nunca vou me acostumar com essa frase que alguém escreveu por ai " Todo o sofrimento, um dia lhe servirá de aprendizado". Tudo bem, eu sei que uma vida só de alegrias é apenas mais uma de nossas utopias, mas sonhar ainda não custa nada, ou custa?
Não gosto de ver as pessoas sofrendo, minhas dores até aguento, suporto, evito, tranco em uma caixinha no lugar mais fundo do meu ser sem permissão pra visitas, mas as dos outros, não consigo, é complicado, sempre me doem por inteira. Ainda é um mistério pra mim, se esse péssimo hábito que tenho de achar que posso sempre resolver tudo, vem de berço ou apenas ensinamentos errados durante a minha existência. É incrivel como acolho os problemas dos outros pra mim e as vezes sofro mais tentando resolve-los, do que eles mesmos. Me dedico, me importo, me incomodo, vejo pelo lado de fora da janela, tento me colocar no lado de dentro, perco tempo, perco a calma, falo o que nem sempre querem ouvir, ouço tudo sempre tentando não perder a razão e ouço desaforos com um sorriso no rosto, apenas pensando em como apaziguar tudo. 
Sério, não é fácil conviver com essas manias humanitárias. Quando tenho êxito em minhas tentativas, que benção! Alma lava, coração saltitante, alegria estampada. Mas quando a coisa complica, o negócio fica sério, a carroça empaca no caminho, por favor, alguém ai tem uma corda? E quando a pessoa não se ajuda então? Paciência redobrada, já que abandonar o caso é meio fora de cogitação, intolerável, um assassinato completo ao meu querido amigo ego, esquece. Então continuo, quebrando a cabeça, ouvindo, me preocupando, acolhendo, tentando, ignorando e esperando, um dia coloco todos os pingos nos is.


Anne L.