15 de maio de 2010

O PAR PERFEITO


Não podia ser mais claro: só aquela pessoa entre as 6 milhões do planeta pode fazer você sentir o que está sentindo. E é muita coisa. Você está mais feliz do que uma criança numa piscina de algodão-doce, as preocupações sumiram...Na verdade, o resto do mundo evaporou. Ela é tudo o que importa. Se ela está longe, você sente dor. Dor para valer, como se tivesse apanhado. Mas, se ela chega perto, vira o melhor analgésico do mundo. Parabéns: você está apaixonado. Caiu na maior pela que a natureza já pregou.

‘ O amor é um mistério.’ Coloque essa frase no Google, em qualquer língua, que vão chover músicas, livros, blogs e o que mais for com esse título. Afinal, seria pretensão demais alguém dizer que entende o amor romântico. Mas não para a ciência. Do ponto de vista de quem estuda o assunto, há um consenso: a paixão é o jeito que o seu corpo encontrou de avisa outra pessoa que uma força maior, totalmente incontrolável, fará com que você esteja sempre por perto.

Pense bem. No fundo, os relacionamentos não passam de um mercado: a tendência é escolher a pessoa mais bonita, inteligente, charmosa e bem resolvida entre aquelas que toparam ficar com você. É como o mercado de aluguéis. O proprietário sempre quer o melhor inquilino do mundo, mas tem de se contentar com o melhor que aparecer. O inquilino quer o apartamento mais incrível, mas tem de ficar feliz com o menos ruim que encontrar.

Nisso, temos uma relação instável: a qualquer momento o inquilino pode se mudar para um apartamento melhor e deixar o proprietário na mão. O dono do imóvel também pode dar uma bundada no inquilino se encontrar alguém mais interessante, como um parente, para morar em seu apartamento.

É para evitar esse tipo de problema que existem contratos para reger os aluguéis: quem passar o outro para trás tem que pagar uma multa. Isso desencoraja tanto um quanto o outro de romper o acordo. E as duas partes ficam mais tranqüilas enquanto o contrato está de pé.

O amor funcionar mais ou menos assim. Com a diferença que a natureza não escreve leis no papel, mas no seu corpo. Como saber que um parceiro não vai trocar você, leitora, pelo primeiro rabo-de-saia com mais balanço que o seu? E você, leitor? Quem garante que ela não vai fugir com o professor da academia na semana que vem? Ambas as escolhas podem ser tão racionais quanto mudar para um apartamento melhor. Então qual é a saída? Juntar-se com alguém que não está com você por um motivo racional, mas justamente pelo oposto disso: uma emoção. “ Uma emoção que a pessoa não decidiu sentir e , portanto, não pode decidir não sentir. Uma emoção que não será imediatamente transferida para outro. Uma emoção que garantidamente não é simulada, porque tem custos fisiológicos como taquicardia, insônia e anorexia. Uma emoção como o amor romântico”, diz o psicólogo Steven Pinker, da Universidade Harvard, em seu livro Como a Mente Funciona.

O amor, então, funciona como um contrato de rescisão com multa altíssima. Alguém completamente apaixonado por você não vai sumir de uma hora para outra, não vai “trocar de apartamento” e deixá-lo na mão ( até vai, se for o caso, claro, mas não com a mesma facilidade de alguém que não ama você). Ok. Mas aí chegamos a outro ponto: o que faz esse “contrato  de rescisão” surgir assim, do nada?

O ponto é que ele não aparece exatamente do nada. Seu cérebro fica esperto com certos sinais. Sinais que indicam que ali está um bom pai, ou uma boa mãe, para os seus filhos. E um deles está na cara, literalmente. É a...

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