10 de janeiro de 2011

Estamos em 2011. Por favor, rasgue seus livros de auto-ajuda.


             Nosso comportamento esquizofrênico chega a ser cruel – e eles não merecem tamanha maldade. Eu sei, eu sei que quando temos 15 anos e somos sonhadores e livres e achamos que o futuro é um grande parque de diversões, as mulheres pensam que a vida é um final feliz por dia. Um grande amor. Um que junta com outro um – e a soma vira dois. Os homens pensam em quantidade. Mulheres? Muitas. Peladas? Todas. Elas sonham com o amor, eles sonham com a garota molhada da semana. O comportamento imaturo deles chega a ser cruel. Uns homens crescem, outros não. E temos que con(viver) com isso. Algumas mulheres crescem, entendem que a grande magia da coisa é a vida real – cheia de defeitos especiais. Outras, continuam achando que o futuro é um grande parque de diversões, com um final feliz por dia. 
             Mulheres são torturadas e desafiadas pelo pensamento, que não para nem pra tomar água – e pela mídia, diariamente. Talvez, por isso, sejamos menos felizes – e livres – que os homens. Arrumamos desculpas o tempo inteiro. Revistas, filmes e livros falam de relacionamentos. Mil formas de deixá-lo louquinho, doidinho, caidinho. Conquiste, abale, ganhe, faça a comida preferida dele, compre uma calcinha fio dental, se perfume, seja alto astral. Isso me lembra o tempo da minha avó. As mulheres cuidavam dos filhos, não tinham ambições, projetos pessoais e profissionais, viviam para cozinhar, lavar, passar e, no fim do dia, trepar. Uma mistura de escrava-serva-secretária-mãe-empregada-santa-e-puta. Uma pessoa sem vontades, desejos, horizonte. Que transava à noite e acordava cedo pra preparar o café da manhã. Seria vontade própria ou medo de que o marido tomasse café na casa da vizinha? Lembro que as mulheres mais antigas ainda dizem “tem que satisfazer as necessidades do teu homem, senão ele vai procurar na rua”. Estamos em 2011. Por favor, rasgue seus livros de auto-ajuda. Esqueça o último conselho da Nova. Delete aquele e-mail “50 dicas de sexo oral – aumente o prazer do seu parceiro”. Esquecemos que eles também precisam se empenhar, agradar, cuidar, valorizar, respeitar – e amar. Que não existe a-mulher-faz-isso-o-homem-faz-aquilo. E que o Manoel Carlos, infelizmente, não escreve o roteiro das nossas vidas.



♥                                                                                                                                                                                                                Clarissa Corrêa

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